O jogo, tantas e tantas vezes desvalorizado e vilipendiado, deveria interessar mais o mundo de hoje. Num momento hist?rico em que, particularmente por quest?es de seguran?a, o homem vive, t?o intensamente, as quest?es da liberdade, raramente associamos o jogo ? ideia e viv?ncia dessa mesma liberdade.Quando tudo parece centrar-se na efic?cia e no rendimento, no trabalho, na competitividade e na cega redu??o do d?fice, numa altura em que impera o passadista, antidemocr?tico e anti-l?dico pensamento de que ?assim ? que est? bem e n?o poderia ser de outra forma?, numa altura em que ? rei o antidemocr?tico e anti-l?dico princ?pio de que "n?o h? alternativa", virarmo-nos para o jogo, para o jogo dos homens e para o jogo dos deuses, remete-nos para o confronto com a liberdade, com o novo e o desconhecido, com o diferente, com a alteridade.Um mundo, uma democracia, uma educa??o, que n?o se abre ao jogo, aos sonhos e aos valores da ilus?o, corre o risco de sucumbir a todo esse tipo de totalitarismos que engendram pessoas irrespons?veis, resignadas, conformadas e submissas.O jogo pertence, indubitavelmente, ao reino da liberdade. Como poderia deixar de ter uma fun??o libertadora? Ensinamentos profundos os que o jogo, num mundo como o de hoje, nos traz. Mundo onde por excesso de trag?dia, homens e sociedade, parecem incapazes de criar valores, parecem incapazes de produzir uma esperan?a.Sim, dever?amos levar o jogo mais a s?rio, dever?amos levar mais a s?rio essa actividade que, por contraste com as coisas s?rias da vida, entendemos como actividade n?o-s?ria. N?o podemos continuar a ignorar, n?o podemos continuar a desvalorizar, o papel que os jogos, os mitos, os rituais, sempre tiveram, t?m, ter?o, na forma??o e desenvolvimento da humanidade. O jogo ? uma experi?ncia primordial que p?e o homem, desde o seu nascimento, em contacto com o que ? a liberdade e o destino, com o que controla e lhe escapa, com o previs?vel e o imprevis?vel, com o luminoso e o labir?ntico, com a sorte e o azar. Afinal, como nos ensina Alexandre Koyr?, a civiliza??o n?o nasce do trabalho, mas do jogo e do tempo livre.N?o podemos continuar a ignorar que a vida ? um jogo e que o homem ? um Homo vere ludens, da mesma forma que deus, o deus criador, ? igualmente um deus verdadeiramente l?dico.
- | Author: Francisco Alberto Leitão, Isilda Maria De Sousa Leitão
- | Publisher: CreateSpace Independent Publishing Platform
- | Publication Date: Apr 03, 2017
- | Number of Pages: 458 pages
- | Language: Portuguese
- | Binding: Paperback
- | ISBN-10: 1545049009
- | ISBN-13: 9781545049006